Nesta quarta-feira, dia dedicado a Nossa Senhora das Dores, a comunidade católica de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, fortalece sua campanha para salvar uma igreja dedicada à santa e que, em 2011, vai completar 250 anos de construção. “Esperamos fazer uma grande festa, no próximo ano, com o templo restaurado, mas, para isso, precisamos do apoio de empresas. Esta é a primeira igreja do país dedicada a Nossa Senhora das Dores, conforme documento do Arquivo Ultramarino de Lisboa, Portugal”, informa o presidente da Associação dos Amigos de Cachoeira do Campo (Amic) e coordenador do Conselho Comunitário da Pastoral, Rodrigo Gomes.
Fechada há três anos e sem tombamentos federal, estadual ou municipal, a edificação localizada na Rua Nossa Senhora das Dores, no Centro, apresenta sérios problemas. A última intervenção, segundo Gomes, foi em 1990, com recursos da prefeitura. Ele conta que, pelo atual orçamento feito com especialistas, serão necessários R$ 500 mil para recuperação, a maior parte (R$ 400 mil) a ser empregada no forro da capela-mor e da nave. “Trata-se de uma igreja da comunidade, que sempre teve celebração de missas, catequese, recitação do terço e outras cerimônias.”
Veja a galeria de imagens da igreja
Preocupado com a situação da singela igreja, o presidente da Amic diz que o forro está cedendo e, com isso, há o perigo de se perderem as pinturas originais, tanto na capela-mor, que traz a imagem de Nossa Senhora das Dores em meio a anjos, como na nave, com 15 painéis da via-sacra, sem autores identificados. “Trata-se de uma igreja simples, sem elementos artísticos ricos, apenas com policromia nos altares. Mas tudo isso é muito importante para nós” acrescenta o coordenador do Conselho da Pastoral, que estuda conservação e restauração de imóveis no Instituto Federal de Minas Gerais, câmpus de Ouro Preto.
Por ser construída de pedra, não há problemas na estrutura da igreja, embora verifiquem-se rachaduras nas paredes e goteiras no teto. Por medidas de segurança, todas as imagens foram levadas para a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, no Centro do histórico distrito. “Pedimos hoje, a intercessão de Nossa Senhora das Dores, para que possamos obter os recursos em prol da reforma da igreja e sensibilizar o empresariado”, diz Gomes. Ele lembra que, sem tombamento, a comunidade e a paróquia são as únicas responsáveis pela busca de recursos para o restauro.
História
Construída em 1761 para as cerimônias da semana santa, a Igreja de Nossa Senhora das Dores tem no seu forro o maior destaque. O que chama logo a atenção de quem entra é a ornamentação com os 15 painéis da nave, de inspiração medieval, representando a Paixão de Cristo, do horto das oliveiras à ressurreição. A balaustrada original que divide a nave e o curioso piso de lajotas de barro cozido, que cobre todo o corpo da igreja, “com suas marcas de patinhas de cachorro e dedos de crianças peraltas”, também se destacam. “Na capela-mor, é interessante notar que Nossa Senhora das Dores parece ferir, com uma de suas espadas, um homem ajoelhado a seus pés. Deduzimos que esta cena deve representar um ex-voto ou alguém que, alcançando uma graça, resolveu eternizá-la na arte”, acredita Rodrigo Gomes.
Muitas histórias e lendas rondam a história da igreja. A imagem da santa de roca, conforme a tradição oral, chegou a Cachoeira do Campo em meados do século 18 portando várias joias, que desapareceram. “Contam que, sob os auspícios de uma mulher chamada Maria Dolorosa, a imagem percorria as casas do distrito angariando fundos para a construção da igreja. Outra antiga lenda afirma que os inconfidentes se reuniam no interior do templo para, do alto de sua torre esquerda, espionar o Visconde de Barbacena em seu palácio”, conta Gomes, lembrando que, até hoje, é possível ver as ruínas do Palácio de Campo do alto dessa mesma torre.
Serviço
Quem quiser ajudar pode ligar para (31) 9909-4106 ou mandar e-mail para cachoeiradocampo@gmail.com.
Gustavo Werneck - Estado de Minas
Publicação: 15/09/2010 07:12 Atualização: 15/09/2010 08:02
Foto: Rodrigo Gomes
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